quarta-feira, 29 de junho de 2011

Salve os Quintais

                                 (Casa comprada por construtora que aguarda a demolicao)


Ao Excelentíssimo Senhor Subprefeito da Vila Mariana, Manoel Antônio da Silva Araújo.

Os cidadãos solicitam de Vossa Excelência providências para que se cumpra a determinação do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo, Lei nº 13.430, quanto ao controle da expansão de novas edificações e a saturação da infra-estrutura existente na Vila Mariana, especificamente.

Pedimos que seja cumprido o artigo 156 da Lei supramencionada, cujo parágrafo 2º determina, para o bairro de Vila Mariana:

"I - controle do processo de adensamento construtivo e de saturação viária, por meio da contenção do atual padrão de verticalização, da revisão de usos geradores de tráfego;

II - preservação e proteção das áreas estritamente residenciais e das áreas verdes significativas; (...)"

A região vem sendo alvo da especulação imobiliária e do avanço da construção de empreendimentos imobiliários de alto padrão, que vêm destruindo o patrimônio histórico e ambiental da região, saturando o tráfego e a infra-estrutura, e prejudicando a fauna que vive na área, especialmente as aves que utilizam os quintais como verdadeiro "corredor verde".

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rio Lavapés -Historia canalizada

A foz o Rio Lavapés
.... O rio Lavapés, denominado no início da século XIX Ribeirão do Patrimônio, nasce em Botucatu e corta a cidade de Sao Paulo passando por bairros como Aclimacao indo desembocar no rio Tietê.

Ele é o grande rio fundador da Botucatu urbana uma vez que ao longo de suas águas, agruparam-se os primeiros moradores, o núcleo dos pioneiros. Depois vieram os imigrantes e o rio Lavapés, além de oferecer muitos peixes e água potável, também forneceu a energia hidráulica para mover os moinhos e as máquinas da nossa fase de industrialização.

Hoje no entanto, o generoso rio Lavapés encontra-se desvalorizado, poluído e esquecido por um povo de tão curta memória.
(Isaura Bretan - Historiadora)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Índios paulistas e curiosidades

JÚLIA BANDEIRA

De acordo com o site da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), cinco grupos indígenas estão registrados no Estado de São Paulo até o final de 2003. São eles os Guarani (Guarani e Nhandeva), os Kaingang, os Krenak, os Pankararu e os Terena, que no total somam 2.716 índios. Neste número, não estão inclusos índios que vivem nos centro urbanos.

Para o mês de novembro de 2003, a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), por meio do seu censo de atendimento, atribui a população indígena um total de 3.024 índios. Existem em São Paulo 18 terras indígenas, totalizando 23 aldeias.

Há também representantes de outras etnias que moram em São Paulo como os Fulniô, Xavante, Xukuru, Xucuru-Kariri.

Aproximadamente mil índios da etnia dos Pankararu moram em uma comunidade na Favela do Real Parque, com hábitos culturais próprios. Além do Real Parque há Pankararus vivendo no Capão Redondo, Osasco, Jardim Elba, Paraisópolis, Grajaú, Jardim das Palmas, Sônia Maria e Jardim Irene.

No início da década de 50, os índios Krukutu vinham do litoral para a região do Largo do Socorro, junto ao rio Pinheiros, para tentar vender seu artesanato. Nessa época, algumas famílias se instalaram na região. Em 1978, um japonês conhecido como Sessê tirou-os da margem do rio e os levou para sua casa, na região do Morro da Saudade.

Quem conhece o Pico do Jaraguá, em São Paulo, já deve ter ouvido falar nos índios que vivem por ali. Na Aldeia Jaraguá Ytu, moram atualmente 160 índios que sobrevivem do artesanato e mantêm a língua e os costumes guaranis. A aldeia é dividida em "parte de baixo"e "parte de cima", cortada pela Estrada Turística do Jaraguá. Na "parte de baixo", a mais antiga, mora a cacique Jandira e sua família. Já a "parte de cima" é uma terra que ainda não está regularizada.

Bartira e João Ramalho, os Romeu e Julieta dos tempos da fundação da Vila de São Paulo, são nomes de ruas no bairro de Perdizes. Ainda que simbolizem o encontro entre índios e brancos que deu origem à cidade, na geografia são ruas paralelas e não se encontram.

Bartira significa flor. Apesar do belo nome, a índia aceitou ser batizada pelo Padre Manoel da Nóbrega, virando Isabel Dias.

Os filhos de Bartira e João Ramalho foram os primeiros mamelucos desta mistura que é o povo paulista.

Tibiriçá também tinha um irmão chamado Caiubi, índio que virou nome de outra rua em Perdizes, paralela às ruas João Ramalho e Bartira.

O Tupi na vida paulistana

JÚLIA BANDEIRA

Tupi e tupi-guarani são denominações usadas na classificação das línguas indígenas. Um tronco lingüístico possui várias famílias com várias línguas que, por sua vez, podem ter vários dialetos. O tupi-guarani é um dos quatro troncos lingüísticos indígenas existentes no Brasil, e o tupi é uma de suas famílias lingüísticas. (Existem línguas indígenas que não se classificam em nenhum tronco lingüístico. Elas são chamadas de línguas isoladas, como o yanomami).

O tupi se tornou mais popular porque era o idioma falado pelos índios que moravam na costa brasileira. Por isso, foi adotado por colonizadores, bandeirantes e jesuítas que batizaram muitos dos milhares de lugares que exploravam com nomes indígenas. O tupi foi, porém, proibido no final do século XVIII pelo Marquês de Pombal. Muitas palavras usadas em nosso dia-a-dia são de origem indígena. A influência do tupi, língua falada em São Paulo até meados do século XVIII, definiu nomes de milhares de ruas, cidades, parques e monumentos e permanecem até hoje. Leia abaixo alguns deles:

Anhagabaú - bebedouro dos demônios
Anhaguera - diabo velho
Anhembi - rio dos Inhambus
Arujá - peixinho menor que lambari
Atibaia - ave sadia
Bauru - cesto de frutas
Bertioga - morada das tainhas
Botucatu - bom clima, bons ares
Butantã - terra dura
Carioca - casa do branco
Grajaú - pássaro comedor
Guararapes - o estrondo dos tambores
Guarapiranga - garça vermelha
Guaratinguetá - reunião de pássaros brancos
Guaicuru - veloz corredor
Guarujá - comedores, barrigudos
Iguatemi - lago ou lagoa verde
Ipiranga - água vermelha ou rio vermelho, barrento
Itapeva - laje
Itapevi - rio das lajes ou do lajeado
Itapira - pedra empinada, alta
Itu - queda d’água, salto, cachoeira
Ibitinga - terra branca
Ipanema - lugar fedorento
Ipiranga - rio vermelho
Itaim - pedra pequena
Ibirapuera - árvore em extinção, árvore morta
Jabaquara - rio do senhor do vôo
Jaraguá - água que murmura
Jundiaí - rio dos bagres
Pacaembu - córrego das pacas
Para - rio
Sumaré - espécie de orquídea
Pernambuco - mar com fendas
Tabapuã - cidade alta ou no alto
Taubaté - aldeia alta

Há muitas outras palavras usadas no nosso cotidiano que têm origem tupi: abacaxi, arapuca, arara, capim, catapora, cipó, cuia, cumbuca, cupim, jabuti, jacaré, jibóia, jururu, mandioca, mingau, minhoca, paçoca, peteca, pindaíba, pipoca, preá, sarará, tamanduá, tapera, pipoca, peteca, mingau, arapuca, quara, toca, traíra, xará...

terça-feira, 17 de maio de 2011

A historia dos Rios de Sao Paulo

                                                                               "Água do meu Rio,
                                                                                Onde me queres levar?
                                                                             - Rio que entras pela terra
                                                                              E que me afastas do mar…"



De 35 quilômetros de extensão, o Rio Tamanduateí (a palavra quer dizer "tamanduá grande" em tupi; os antigos sertanistas o chamavam de Rio Piratininga) nasce cristalino no município de Mauá, passa pelas cidades de Santo André e São Caetano, atravessa o centro de São Paulo, no Parque D. Pedro II, até desaguar no Rio Tietê, no bairro do Bom Retiro, em frente ao Palácio das Convenções do Anhembi.

O Tamanduateí era um rio bastante sinuoso que cumpriu importante papel na formação da cidade de São Paulo, permitindo a navegação até o Rio Tietê e facilitando a locomoção dos moradores e dos sitiantes que residiam nas vizinhanças. Teodoro Sampaio escreve sobre a navegação no Tietê e no Tamanduateí no final do século XVI: "Embarcados na sua canoa o padre, o negociante, o fazendeiro, o simples homem do povo podiam atingir qualquer ponto da zona povoada em torno de São Paulo".13




Além disso, até o início do século XX, as suas águas, que corriam limpas, eram utilizadas para os afazeres domésticos dos moradores. Em sua várzea, ao lado das pontes, as mulheres, com trouxas e tábuas, lavavam as roupas, os homens pescavam e os animais bebiam água. Descreve o jornalista Geraldo Sesso Jr.:


"Na época das enchentes era muito comum divisar-se naquele local, tarde à noite como durante o dia, numerosas pessoas que ali iam pescar e caçar frango d'água, patos selvagens e rãs. Na época de piracema, em que cardumes de rios procuravam subir rio acima, o número de pescadores aumentava consideravelmente. Estes usavam redes e havia outros que, na falta desse apetrecho de pesca, usavam até guarda-chuvas". 14

As casas cujos fundos abriam-se para o Rio Tamanduateí tinham escadarias onde os moradores atracavam seus barcos e pescavam. No fim da Ladeira Porto Geral, antigo Beco das Barbas, existiu de fato um porto - daí o nome da rua -, que resistiu até o início do século XX, quando o prefeito Antonio Prado mudou o curso do rio e o reduziu a um estreito canal.

Nas terras planas da várzea foi construída, em 1867, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, inaugurada no bairro da Estação, hoje município de Santo André. Isso deu um novo impulso à região do ABC paulista, que se chamava São Bernardo. Um exemplo disso é que os monges beneditinos acabaram por instalar em São Caetano do Sul a primeira indústria de cerâmica, que produzia telhas, tijolos, ladrilhos e azulejos. O local favorecia tanto a utilização de água quanto o transporte da produção pelo rio. A partir daí, outras indústrias também se instalaram na região.

Mas o desastre ambiental começa na década de 1950 com a construção de um pólo petroquímico em Capuava, que resultou em danos irremediáveis ao rio: a construção de uma barragem e a poluição de suas águas com dejetos químicos.

O Tamanduateí possuía 43 afluentes que deram origem a bairros, vilas e cidades, como o Ipiranga, a Mooca e a Pedra Branca. Atualmente a maioria desses córregos encontra-se total ou parcialmente canalizada e transformada em canais coletores de esgoto; o próprio rio tornou-se o maior canal de esgoto a céu aberto do ABC paulista